sábado, 29 de abril de 2017

Um olhar sobre O Lobo da Estepe - Hermann Hesse

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HESSE, HERMANN. O lobo da estepe. Tradução e prefácio Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Record, 2016.


  Antes da leitura, é preciso ser feito uma advertência, a entrada é só para os raros, só para loucos, pois “este é um livro que não se lê inocuamente, por mera distração ou para se estar em dia com os sucessos do momento. É um livro que mexe, que altera, que subverte a estrutura psíquica do leitor” (p.7), conforme bem pontua o tradutor Ivo Barroso.

  Com efeito, a filosofia de Thomas Hobbes asseverava: “O homem é o lobo do homem”. Hermann Hesse, por usa vez, em 1927, trazia homem e lobo como facetas oposta da personalidade humana, em seu poético, psicológico e filosófico romance O Lobo da Estepe.

  A ideia do livro é sensacional: e se dado momento de sua vida você encontrasse um tratado sobre sua personalidade, analisando-lhe a vida, as atitudes e as preferências? E se o referido estudo fosse tão fidedigno a ponto de lhe tirar da zona de conforto e te fazer mergulhar em si, alterando sua percepção sobre o modo como vive, bem como abalando suas crenças?

  Certamente, isto lhe levaria a um mundo semelhante ao do Teatro Mágico, com efeitos psicodélicos e com direito a retorno no passado e a possibilidade de mudá-lo. Você faria uma viagem introspectiva e, a semelhança de G.H., de Clarice Lispector, perderia por instantes a sua montagem humana.

  Na obra, conhecemos o surpreendente protagonista Harry Haller, autodenominado Lobo da Estepe, a partir de pelo menos três pontos de vista. Pelo primeiro, um observador não muito familiar, relata o período aproximado de 10 meses, no qual o Lobo foi inquilino de um quarto de sua tia. Assim, escreve ele um prefácio ao livro, de modo a narrar o seu encontro com instigante senhor de idade e de sua admiração, a quem considera um “homem extraordinário” (p. 18), o que é reforçado na cena em que descreve com detalhes o poderoso “olhar” de Harry. 

  Ademais, conclui o editor fictício que: “Haller era um gênio do sofrimento; que ele, no sentido de várias acepções de Nietzsche, havia forjado dentro de si uma capacidade de sofrimento genial, ilimitada e terrível” (p. 21).

  Em seguida, a segunda narrativa, apresenta as anotações feitas pelo próprio Lobo. Nesta parte, encontramos um homem que se nomeia Lobo da Estepe, “aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível” (p. 41).

  Como se o indivíduo estivesse só no mundo tendo apenas a si mesmo, ou melhor, sua personalidade e as obras dos imortais, em especial as partituras de Mozart e os escritos de Goethe.

  Não haveria laços com as pretensões sociais da coletividade, como relacionamentos pessoais, disputa para ser o melhor, o mais esperto ou de ajudar a humanidade, de contribuir para algo ou o desejo de alguém. O homem viveria isolado da sociedade. Assim como um animal selvagem, um lobo da estepe.

  A última “voz narrativa”, ou melhor, O Tratado do Lobo da Estepe, é uma espécie de psicanálise dada por pessoa desconhecido da vida e personalidade da instigante personagem, fornecendo subsídios capazes de levar o protagonista a pensar sua vida e sua solidão.

  No supramencionado estudo, considera a natureza dual e discordante de Harry, “nele o homem e o lobo não caminhavam juntos, nem sequer se ajudavam mutuamente, mas permaneciam em contínua e mortal inimizade e um vivia apenas para causar dano ao outro” (p. 53). A dualidade está no fato do “‘homem’ encerra tudo o que há de espiritual, de sublime ou culto que encontra em si, e no "lobo" tudo o que há de instintivo, de selvagem e caótico” (p. 71).

  Desta forma, percebemo que o romance aborda a solidão, seja de amigos, de amores ou de laços sociais. O Lobo da Estepe, é um descrente desse mundo que passa a encontrar o que é felicidade após aproximação com Hermínia, em um enredo similar aos versos da música Corcovado, Tom Jobim (1960).

  Deste modo, ao conhecê-la e, por seu intermédio, Maria e Pablo, os quais o fazem conhecer um novo mundo de festas, bailes, drogas e sexo; a independência e o isolamento de Harry terminam. Esta vida intensa e notívaga leva-o ao Teatro Mágico e possibilidade de conversar com personalidades como Goethe e Mozart, com o fito de permitir o autoconhecimento do protagonista.

  Por todo o exposto, por abordar temas profundos como o questionamento sobre a necessidade da guerra ou da solidão, a importância das obras clássicas e das atuais manifestações culturais para o indivíduo, o suicídio, o vazio espiritual humano, sempre uma maneira filosófica, poética e bem aberta, a leitura do livro destaca-se por ser uma OBRA-PRIMA.



Trechos:


P. 19-20
[...] o Lobo da Estepe me lançou um olhar instantâneo, um olhar de crítica àquelas palavras e a toda a pessoa do conferencista, oh! um olhar inesquecível e tremendo, sobre cuja significação poder-se-ia escrever um livro inteiro! O olhar não apenas criticava o orador e destruía a celebridade daquele homem com sua ironia esmagadora embora delicada; não, isso era o de menos. Havia nesse olhar um tanto mais de tristeza que de ironia; era na verdade um olhar profundo e desesperadamente triste, com o qual traduzia um desespero calado, de certo modo irremediável e definitivo, que já se transformara em hábito e forma. Não só transverbava com sua desesperada claridade a pessoa do vaidoso orador, ironizava e punha em evidência a situação do momento, a expectativa e a disposição do público e o título um tanto pretensioso da anunciada conferência não, o olhar do Lobo da Estepe penetrava todo nosso tempo, toda a afetação, toda a ambição, toda a vaidade, todo o jogo superficial de uma espiritualidade fabricada e frívola. Ah! lamentavelmente o olhar ia mais fundo ainda, ia além das simples imperfeições e desesperanças de nosso tempo, de nossa espiritualidade, de nossa cultura. Chegava ao coração de toda a Humanidade; expressava, num único segundo, toda a dúvida de um pensador, talvez a de um conhecedor da dignidade e sobretudo do sentido da vida humana. Esse olhar dizia: Veja os macacos que somos! Veja o que é o homem! E toda a celebridade, toda a inteligência, toda a conquista do espírito, todo o afã para alcançar a sublimidade, a grandeza e o duradouro do humano se esboroava de repente e não passava de frívolas momices!

P. 48
eu podia arranjar-me mesmo sem música de câmara e sem amigo, e era ridículo consumir-me no impotente desejo de calor humano. Solidão é independência, com ela eu sempre sonhara e a obtivera afinal após tantos anos. Era fria, oh! sim!, mas também era silenciosa e grande como o frio espaço silente em que giram as estrelas.

P. 49
Éramos nós, velhos conhecedores e reverenciadores da verdadeira poesia de outros tempos, apenas uma minoria estúpida de complicados neuróticos, que amanhã seriam esquecidos e ridicularizados? O que chamamos cultura, o que chamamos espírito, alma, o que temos por belo, formoso e santo, seria simplesmente um fantasma, já morto há muito, e considerado vivo e verdadeiro só por meia dúzia de loucos como nós? Quem sabe se realmente, nem era verdadeiro, nem sequer teria existido? Não teria sido mais que uma quimera tudo aquilo que nós, os loucos, tanto defendíamos?

P. 55 
Muita gente existe que se assemelha a Harry; especialmente muitos artistas pertencem a essa classe de homens. Todas essas pessoas têm duas almas, dois seres em seu interior; há neles uma parte divina e uma satânica, há sangue materno e paterno, há capacidade para a ventura e para a desgraça, tão contrapostas e hostis como eram o lobo e o homem dentro de Harry. E esses homens, para os quais a vida não oferece repouso, experimentam às vezes, em seus raros momentos de felicidade, tanta força e tão indizível beleza, a espuma do instante de ventura emerge às vezes tão alta e deslumbradora sobre o mar da dor, que sua luz, espargindo radiância, vai atingir a outros com o seu encantamento. 

P. 58 
tinha muitos amigos. Um grande número de pessoas o apreciava. Mas tudo não passava de simpatia e cordialidade; recebia convites, presentes, cartas gentis, mas ninguém vinha até ele, ninguém estava disposto nem era capaz de compartilhar de sua vida. Agora rodeava-o a atmosfera do solitário, uma atmosfera serena da qual fugia o mundo em seu redor, deixando-o incapaz de relacionar-se, uma atmosfera contra a qual não podia prevalecer nem a vontade nem o ardente desejo. Esta era uma das características mais significativas de sua vida.

P. 60
a todos os suicidas é familiar a luta contra a tentação do suicídio. Cada um deles sabe muito bem, em algum canto de sua alma, que o suicídio, embora seja uma fuga, é uma fuga mesquinha e ilegítima, e que é mais nobre e belo deixar se abater pela vida do que por sua própria mão. Tendo consciência disso, a mórbida consciência que é praticamente a mesma daqueles satisfeitos consigo mesmos, os suicidas em sua maioria são impelidos a uma luta prolongada contra a tentação.

P. 62-63 
O homem tem a possibilidade de entregar-se por completo ao espiritual, à tentativa de aproximar-se de Deus, ao ideal de santidade. Também tem, por outro lado, a possibilidade de entregar-se inteiramente à vida dos instintos, aos anseios da carne, e dirigir seus esforços no sentido de satisfazer seus prazeres momentâneos. Um dos caminhos conduz à santidade, ao martírio do espírito, à entrega a Deus. O outro caminho conduz à libertinagem, ao martírio da carne, à entrega, à corrupção.

P. 63 Tratado
Viver intensamente só se consegue à custa do eu.

P. 69 Tratado
Todo homem é uno quanto ao corpo, mas não quanto à alma.

P. 124
[Hermínia:] pobre daquele que não pode se dar a um prazer sem pedir antes a permissão dos outros.
  
P. 129
Venho manifestando já por vezes minha opinião de que cada povo e até cada indivíduo, em vez de sonhar com falsas "responsabilidades" políticas, devia refletir a fundo sobre a parte de culpa que lhe cabe da guerra e de outras misérias humanas, quer por sua atuação, por sua omissão ou por seus maus costumes; este seria provavelmente o único meio de se evitar a próxima guerra.

P. 145
[Pablo:] Ainda que eu tivesse na memória toda a obra de Bach e de Haydn e pudesse dizer as coisas mais admiráveis a respeito delas, isto não teria a menor utilidade para os outros. Mas quando tomo meu instrumento e coco um shitnmy bem movimentado, seja este bom ou mau, há de causar alegria a alguém, entrará pelas pernas e até chegará ao sangue. Isto e somente isto é o que importa. Observe a fisionomia dos pares num salão de dança no momento em que a música volta a tocar após uma pausa prolongada, observe como os olhos brilham, como as pernas se movem e os rostos começam a sorrir. É por isso que se faz música.

P. 233-234
[Mozart:] O senhor tem de viver e aprender a rir. Tem de aprender a escutar a maldita música de rádio da vida, tem de reverenciar o espírito que existe por trás dela e rir-se da algaravia que há na frente. É tudo o que exigimos do senhor.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Olhar sobre + Misturado - Mart'nália


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  É carnaval! Enquanto uns vão pra avenida, desfilar a vida, carnavalizar, fico ouvindo, escrevendo e lendo sobre o bom samba, tão comum nesta comemoração popular.

  Com efeito, a natureza humana é mesmo uma metamorfose ambulante, como bem viu Raul Seixas em sua composição homônima de 1973. Antes disso, nos idos de 1968, Martinho da Vila já dizia que “Ninguém conhece ninguém // Pois dentro de alguém, ninguém mora”. Com esses versos inicia o belo álbum de Mart'nália, + Misturado (2017).

  A cantora já mostrou que veio pra música quando encantou com sucessos como Cabide (Ana Carolina, 2006), Ela é a minha cara (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 2008), Namora comigo (Moska, 2012) e mais recentemente revivendo Pra que chorar? (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1963). Em tudo permanece aquela alegria contagiante da artista. Esse novo álbum não é diferente.

  Ninguém conhece ninguém (Martinho da Vila, 1968), primeira faixa do disco, é belo encontro entre pai e filha. Martinho da Vila e Mart'nália cantam a tão contraditória condição humana. Entre qualidades e defeitos, cada ser tem suas dores e suas vivências. Há uma metáfora na letra: a mariposa noturna, a qual, em princípio se mostra um animal asqueroso, como a barata em que Gregor Sanches foi metamorfoseado na obra de Kafka, ao mesmo tempo em que contém um angelical semblante. Seu corpo é deselegante, mas serve perfeitamente para dançar. É neste animal, feio, mas dotado de qualidades, que encontramos a alma humana, não isenta de suas contradições e multiplicidades. 
  
  Em tom bem animado, Tomara (Mart'nália e Mombaça, 2017), retrata a paixão por uma musa inspiradora, uma mulher bem moderna e desafiadora. Em seguida, Eu te quero agora (Zé Ricardo, 2017), é uma bela declaração de amor, mesmo que platônico, dada a contradição constante nos versos: “Sua boca grita pela minha boca // Que não te conhece mais que nunca te esqueceu”.

  Destaque deve ser dado ao bom partido alto, Ouvi dizer (Mosquito e Teresa Cristina, 2017), o qual retrata o fim de relacionamento e os conflitos ainda restantes; a inédita de Geraldo Azevedo e José Carlos Capinam, Se você disser adeus (2017);Sem dó (Rodrigo Lampreia, Beto Landau e Maurício Pessoa, 2017), minha faixa predileta; e, ainda, Libertar (Mart'nália, Zélia Duncan, Arthur Maia e Ronaldo Barcellos, 2017), com harmonia musical que traz paz ao ouvinte, destilando versos como “Nada é precipício // Basta eu encontrar você.

  Em mesmo estilo de tranquilidade está a faixa Melhor pra você (Tom Karabachian e Cris Sauma, 2017)Além disso, o segundo encontro do disco é em Si tu pars (Lokua Kanza, 1975), na qual a cantora recebe o compositor da música, autor e compositor do congo Lokua Kanza, em bom dueto. 

  Coube a música Vem cá, vem cá... (Zé Katimba, André da Mata e Mart'nália, 2017) provar que a cantora é a preta mais loura do mundo, por misturar ritmos de samba e artistas variados (tanto cantores como compositores), sempre tratando alegria e tristeza de forma ponderada .

  Mart'nália teve um ótimo pique para recriar Estrela (Gilberto Gil, 1981), Linha do Equador (Djavan e Caetano Veloso, 1992),  Tempo de estio (Caetano Veloso, 1977), sendo a última música lançada como single do CD. Além disso, encerra o trabalho com a junção dos tormentos de Ela disse-me assim (Vai embora) (Lupicínio Rodrigues, 1959) e Loucura (Lupicínio Rodrigues, 1957).

  A minha dor é perceber que o hit de carnaval de 2017, aquele que ninguém escapa de ouvir, não será nem os versos de “Vem cá, vem cá...” ou ainda de “Tomara”. Restará alguma outro mais simples e que não resistirá por muito tempo.

  Portanto, o álbum, indo além do samba, demostra que “quem nunca foi de samba, ainda vai ser do samba rasgado”. Assim, revele-se como um bom CD pra dançar alegrias e dramas dos mais variados.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Uma Curta Quase Retrospectiva de 2016







  2016 foi um ano difícil, seja na política brasileira, ou na vida deste escritor estudante. Mas de tudo é preciso aprender a extrair o melhor, do contrário o peso da existência é maior do que o castigo de Atlas. Então, lá vou eu me aventurar nessa empreitada.

  O ano de leitura foi um dos que mais li na vida, a despeito da escrita ter sido menos densa, quase rara. Contei: terminei o ano com quatro poemas completos e dezenas de fragmentos ainda por terminar. Mas vida que segue, lembrando o ensinamento de Cecília Meireles no inesquecível poema Canteiros: “eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza // E deixemos de coisa, cuidemos da vida, // Pois se não chega a morte ou coisa parecida //E nos arrasta moço, sem ter visto a vida”.

  Encerrei o ano com 40 livros lidos (criei uma conta no Skoob pra acompanhar). Foram leituras bem múltiplas (ainda não tive nem tempo e nem disposição para resenhar todos). Li encíclica do Papa, poemas, contos, novelas, romances clássicos e contemporâneos, epístolas, livros infantis e histórias em quadrinhos. Conheci escritores fantásticos, com destaque para Mia Couto, Luiz Vilela (esse me arrebatou com um livro de contos infantis), Poe (contos), Passolini (esse eu era um leigo total, não conhecia nem o nome do incrível poeta italiano), Isabel Allende, Humberto Ecco, Baudelaire, Arundhati Roy e Truman Capote.

  Foram história tão múltiplas e ricas, que a memória mesmo sendo falha persiste em conservar. Guardo com admiração: o rabugento velho Tuahir, o esperançoso menino Muidinga e as aventuras fantásticas de Kindzu, na Moçambique de Terra Sonâmbula, do Mia Couto; os sôfregos gêmeos Estha e Rahel e o amor impossível e belo da mãe guerreira Ammu e do intocável Velutha, de O Deus das Pequenas Coisas, da indiana Arundhati Roy, a esquizofrenia do homem sem nome (quem bem poderia ser Josef K. de O processo, do Kafka) de Os Parricidas, do português Luís Novais; o peso da culpa e das melancolias de Theo, de O pintassilgo, da americana Donna Tartt; quase todos os personagens de A casa dos espíritos, da chilena Isabel Allende, em especial Clara e Estevan; o cômico Baudolino, de livro homônimo do Humberto Ecco; e o amor juvenil da forte Lina e de Andrius, de A vida em tons de Cinza, de Ruta Sepetys.

  Nesse ano li mais de Drummond e de Pessoas, poetas prediletos, a partir de excelentes seleções de poemas. Consegui reler três dos meus livros da vida: Dom Casmurro – Machado de Assis, Grandes Sertão: Veredas – Guimarães Rosa e A Paixão Segundo G.H. – Clarice Lispector. Além de reler livros ainda não lidos dos meus autores favoritos como as Novelas (Inácio, O Enfeitiçado e Baltazar) de Lúcio Cardoso e Felicidade Clandestina de Lispector.

  No munda da música brasileira, aventurei-me no emaranhados de Maria Bethânia, a qual assumiu de vez o posto de cantora favorita. Ouvi os singles e músicas inéditas dela, como Voz de Mágoa, Silêncio e Viver na Fazenda (todos já cantados no Show Abraçar e Agradecer de 2015, mas lançado apenas no fim de 2016), Mortal Loucura, Maria (bonita composição de Chico Lobo) e Era pra ser. Ouvi o CD gerado do Show Abraçar e Agradecer, e conheci composições de outros discos.





  Os melhores álbuns do ano, na minha singela opinião (ainda não tive tempo de ouvir todos os que queria, mas assim que poder vou resenha-los), foram: Tropix – Céu, Problema meu – Clarice Falcão, O mar me leva – Zizi Possi, Amor Geral – Fernanda Abreu e Remonta – Liniker e os Caramelows.
Dos filmes, vi poucos. Confesso que tenho certa resistência em assistir aos filmes. Mesmo assim muito gostei de Aquarius, já um dos melhores filmes da minha vida. Clara e a suas lutas, o seu amor aos filhos, a sua solidão, a citação a intensidade de Bethânia, enfim tudo faz com que essa película seja marcante.


  Das séries, destaque para a produção nacional (sou e sempre serei esse Policarpo louco), Justiça desnudou a hipocrisia reinante em nossa sociedade, com personagens únicos como Elisa, a professora de Direito, Fátima, com a sensacional interpretação e caracterização de Adriana Esteves, Mayara/Suzy, Doglas e Kellen, Firmino, cantando Dona da minha cabeça, Débora e Rose. A séria ainda tem uma excelente trilha sonora nacional, como poucas tiveram. Destaque também para Liberdade, Liberdade, que mesmo sendo de época consegui conquistar seu lugar.


  De tudo isso, retirando leite de pedra, 2016 teve lá os seus pontos bons e memoráveis.