quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Olhar sobre A Vida de Santo Antônio - Vergilio Gamboso



  Gamboso,Virgilio. A vida de Santo Antônio. Tradução de Carmelo Surian. Aparecida, SP: Editora Santuário, 1994.

  
  Uma concisa biografia de Antônio de Pádua, o famoso santo dos pobres e desconsolados, mariano e defensor da Assunção de Maria. Com efeito, Virgilio consegue apresentar a vida, os milagres e o contexto social e político de uma das mais famosas personalidade católica de forma direta, em linguem um pouco rebuscada, mas de leitura graciosa.

  De uma família nobre e poderosa, nasceu em Lisboa, por volta de 1190, Fernando, nome de origem visigodo, significando "ardoso na paz". Gamboso relata (p. 60) de forma sintética: 

"Muito fragmentada, a vida de Santo Antônio apresenta inesperadas peripécias. De cavaleiro à claustral, da aplicação ao estudo à expedição em terra muçulmana, da quietude eremítica à movimentada carreira de pregador popular."

  Essas e muitas outras histórias são recontadas pelo autor, apresentando inclusive as fragilidades das instituições religiosas, de forma ponderada, como só um católico consciente do passo da Igreja é capaz de fazê-lo.

  Canonizado em 20 de maio de 1232, pelo papa Gregório IX, teve 53 milagres aprovados. Dentre estes são mais famosos: a pregação aos peixes, o milagre da mula, a bilocação, e o milagre do avaro. Narrativas fantásticas e que merecem ser lida até pelos que não as creem, pela força poética com que são descritas e pelas influência que trouxeram, em especial para a arte, como a obra 'Milagre do coração do homem avaro' de Donatello (1447).
  
  Para quem não sabia, o franciscano foi escritor, deixando obras como  'Sermões dominicais', contendo os seus Sermões em louvor de Maria e os 'Sermões para as festas do ano', estes relatam as solenidades católicas de primeiro de janeiro a trinta de junho.

  Por fim, a obra mostra-se com um BOM livro, profícuo para os estudiosos de História, bem como para as pessoas curiosas pela história da igreja cristã e da católica. Com uma boa escrita, contém os textos do próprio Antônio, de modo a ser uma fonte segura para citação e conhecimento.


Trechos:

Lucílio, o satírico autor romano, costumava dizer: não desejo ser lido nem pelos incultos nem pelos cultíssimos, porque os primeiros nada entenderiam, e os outros (por causa da insidiosa "deformação profissional"), talvez entendessem mais do que o próprio autor. (p. 5)

Franciscanos e dominicanos tiveram rapidíssima difusão, rejuvenescendo a Igreja e constituindo poderoso dique contra a dissolução provocada pelos hereges e pelos maus pastores. (p. 67)

Aquilo que se conquista sobre os bancos das escolas não passa de uma base, o método. A cultura requer o hábito da reflexão, do confronto constante com as experiências da vida, para enfim ser assimilado e harmonizar tudo isso com o todo do nosso ser. (p. 72)

Nós homens somos, por assim dizer, como que animais "visivos": desconfiados e destruídos diante dos belos discursos e preguiçosos para recorrer aos livros. (P. 74)

Todo atentado contra a Fé católica era um atentado contra a segurança do Estado. [...] Não somente a sociedade, mas toda a vida cultural, assistencial, religiosa, dependia estritamente da Igreja. Um inimigo da Igreja era por isso mesmo um inimigo da civilidade, um demolidor dos fundamentos do viver social. (p. 95)

Frases de SA:

Exorcismo da bênção de Santo Antônio ou breve de SA:  "A onda do mar que se bate contra o escolha, se arrebenta; e a tentação que se atira contra ti, se te encontras unido a Cristo, se dispersa e é vencida." (p. 13-14)

"Se não se resiste ao mal da luxúria, acaba acontecendo que também as coisas que pareciam boas, perecem". (p. 17)

"Uma água turva e agitada não espelha a face de quem sobre ela se debruça. Se queres que a face de Cristo, que te protege, se espelhe em ti, sai do tumulto das coisas exteriores, seja tranquila a tua alma." (p. 20)

"A paciência é o baluarte da alma, ela a fortifica e defende de toda perturbação". (p. 39)

"O mundo é um lago de miséria e de lodo sórdido. O lago é uma massa de água estagnada que não flui". (p. 64)

"Que vos agrade mais ser amado do que temido. O amor torna doce mesmo as coisas ásperas e leve as coisas que pareciam impossíveis de carregar; o temor, porém, torna intolerável até as coisas leves." (p. 120)

"O mundo não te dá de presente, mas empresta; e quando a tua necessidade se torna mais grave, ele retorna o que é dele e te abandona, nu e mísero." (p. 171) 

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